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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Era uma vez...


Era uma vez um pássaro.
Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto no céu, alegrar quem o observasse.

Um dia, uma mulher viu este pássaro e se apaixonou por ele. Ficou olhando o seu vôo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rápido, os olhos brilhando de emoção.
Convida-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia.
Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro.

Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes!
E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro.
E sentiu-se sozinha.
E pensou: "Vou montar uma armadilha. A próxima vez que o pássaro surgir, ele não mais partirá." O pássaro, que também estava apaixonado voltou no dia seguinte, caiu na armadilha e foi preso na gaiola.

Todos os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objeto de sua paixão, e ela mostrava para suas amigas, que comentam: "Mas você é uma pessoa que tem tudo."
Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro, e já não precisava conquistá-lo, foi perdendo o interesse.

O pássaro, sem poder voar e exprimir o sentido de sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio - e a mulher já não prestava mais atenção nele, apenas na maneira como o alimentava e como cuidava de sua gaiola.

Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e vivia pensando nele.
Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens.
Se ela observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico.

Sem o pássaro, sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater em sua porta. "Por que você veio?", perguntou à morte.
"Para que você possa voar de novo com ele nos céus", a morte respondeu. "Se o tivesse deixado partir e voltar sempre, você o amaria e o admiraria ainda mais; entretanto, agora você precisa de mim para poder encontrá-lo de novo."

(fragmento da obra de Paulo Coelho - Onze Minutos)


P.S.: Bem... como diria o próprio Paulo Coelho, "Essa é a verdadeira experiência da liberdade: ter a coisa mais importante, sem possuí-la". Ou seja, não devemos nos prender excessivamente a qualquer sentimento, ou até mesmo, tornar-se possesssiva para não perdermos aquilo que mais amamos. Deixemos livre tudo que amamos para sentir a emoção que existe dentro de nós, e nunca ter o desprazer deixar esse sentimento morrer...

by: Ariane Carvalho Xavier


Um comentário:

Paula Barbosa Torres disse...

Porque não me lebrei disso antes; será que foi exatamente isso que fiz? prendir? ='/

Abraço!