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quinta-feira, 22 de março de 2012

O corte das asas


(Escrito em Dezembro-2011)

A Andorinha que, de início, não sabia voar, agora está perdida e atordoada.
Neste momento, se encontra a mesma ave reclusa e apática que fora boa parte da sua vida, antes mesmo de ter mudado quando conhecera o Golden. Retornara ao princípio de tudo.

Ela está saltando voo, mas desta vez ao léu.
E já não sabe mais para onde voar ou como sentir o vento bater em suas asas.

Aceitações e inconformismos se misturam a confundir sua cabecinha com corpo pequenino:

"Por que os pássaros são como os seres humanos? 
Querem liberdade para voar, mas não medem o quão longe vão. 
Não quero um João-de-Barro ciumento que me aprisione na sua casa, assim como não quero um Sabiá que saia a cantar todas as outras aves do reino. 
Apenas desejaria um passarinho que me seja verdadeiro, confie, e me ame. 
Um que não me prometa o que não vá cumprir como fazem os humanos nojentos lá da civilização. 
E compartilhe os momentos de inverno dentro da toca de uma árvore, os piores momentos de uma vida curta, sejam eles de problemas, brigas, raiva, fome... 
Assim também, os melhores instantes como poder alimentar os filhotes pelo bico para vê-los crescer e aprenderem a voar. 
Que tal me aceitar como eu sou? 
Uma Andorinha que mal aprendeu a voar, mas poderia progredir junto a sua ajuda e partilha. 
Um que enxergue o que há dentro de mim e não desconfie dos meus sentimentos. 
Um que saiba que meu canto é dedicado ao amor que sinto e jamais duvide deste. 
Golden, tão bonito de penas douradas reluzentes e de olhos cativantes, me ensinou a "voar", mas não ensinou a "pousar"; a desamar. 
Me acostumei a voar ao seu lado, pois ele era meu ponto de partida e apoio sempre que despencasse de uma altura que não se espera salvação. 
Mas ele sempre me salvava antes de chegar ao chão. 
E agora meu voo é cambaleante. É triste e pesado. 
O Golden me ensinou a arte do que é ser um amigo, companheiro, a compartilhar e a amar. 
Agora, me encontro jogada no lugar que está vazio, apenas molhado por lágrimas que sente a falta do calor que deixávamos marcado nosso ninho. 
Foi embora do nada e me pediu para esquecer. 
Como se pode apagar assim? 
Memória e amor de passarinho não é tão frágil quanto pensam, é pra vida inteira e eternidade.
 Como os pinguins que encontram seu par e lhes é fiel mesmo após a morte. 
E nesse instante sinto dor, pois... 
Assim como me deu asas para voar, cortou-as sem dó."


(Ariane Carvalho Xavier)

sexta-feira, 16 de março de 2012

Aprisionado


E mesmo diante de tantas injúrias, desapontamentos por expectativas frustradas, o que foi guardado  no peito continua intacto... Um coração.
Sem nenhuma desfragmentação.
Um sentimento ali foi escondido para que ninguém ousasse destruí-lo.
O amor.
Então, veio o tempo. As horas, dias, semanas, meses se foram.
Tempo. Essa é a palavra mais ouvida pra te fazer curado.
E ela funciona?
Para o amor não há remédio. Inexorável.
Tempo nenhum é capaz de sanar um sentimento como este.
Tempo ameniza a dor, cicatriza a ferida exposta.
Mas te deixa mais frio, mais sério, menos confiante de si mesmo e de outros.
O amor ficou aprisionado pelos pontos feitos pelo tempo na ferida do coração.
Não consegue sair, pois não existem brechas.
Ele está ali, porém sozinho, deixando ser esquecido.

(by: Ariane Carvalho Xavier)