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sábado, 15 de novembro de 2014

Dieta do peixe

Beleza é um peixe que transcende aos montes nas águas do mar.
Contudo... O caráter, a honestidade, a humildade, a generosidade são peixes ainda escassos naquelas águas em que tu pescas.
É como lançar o anzol em um lago quase seco...
Alguns peixes se escondem nas rachaduras para sobreviver.
Raros. Portanto, valiosos
O que serás de ti, pescador, quando estiveres velho?

_ Ariane C. Xavier

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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Uma gaiola, um aquário, talvez...




Ela era uma menina-mulher um pouco bucólica que nunca entendeu o motivo de as árvores darem lugar a tantos prédios. Ela teme que, um dia, as árvores que restam possam ser engolidas por essa selva de pedras.
Não existe paz nem silêncio na mente de quem reside nas esquinas ou sob o frio dos viadutos. Muito menos naqueles que estão no alto daquelas "pedras" ou na impaciência de um trânsito.
Não existe mais: "Pode ir brincar lá fora!".
Não existe ar puro, nem cheiro de terra e planta molhadas da chuva. Apenas o medo de tomar banho de chuva e ser carregada pelas águas.
Ela nunca entendeu a relação de indiferença e o alvoroço das pessoas nas ruas... Tanta pressa sem "Bom dia". Quando criança, ela gostava de observar o percurso das formigas, a inter-relação do toque das suas patas quando se deparavam umas com as outras. Elas não se evitam...
No alto de um prédio, ela se sente presa numa gaiola ou num aquário, quem sabe. E ao observar aquelas "formigas" estranhas lá embaixo, percebe que elas já não se "cumprimentam" mais.


Vídeo/Texto por: Ariane Carvalho Xavier

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Particularidades de um quarto (quase) vazio

Uma porta aberta para o nada
Um espelho que reflete a parede branca
Uma cadeira vazia de esperar
Um pente pousado sobre a penteadeira
Uma caixinha há muito tempo não aberta
O pó da poeira que paira sobre os móveis
Os fios de cabelo derramados ao chão
Janelas fechadas contra o som lá fora
Um torno na parede sem uma rede
A toalha úmida sobre o cabide
Livros enfileirados e empoeirados sobre a estante
A lâmpada pisca a cada 3 ou 4 minutos
Olhares de uma foto mirados para os cantos do quarto
O TIC TAC do relógio de hora errada
Uma música inebriante cobrindo o tormento do silêncio
Objetos misturados à sensações
E ninguém... Ninguém. Apenas eu.
A observar a essência das minúcias em um longo instante.

(Ariane Carvalho Xavier)

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