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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Uma gaiola, um aquário, talvez...




Ela era uma menina-mulher um pouco bucólica que nunca entendeu o motivo de as árvores darem lugar a tantos prédios. Ela teme que, um dia, as árvores que restam possam ser engolidas por essa selva de pedras.
Não existe paz nem silêncio na mente de quem reside nas esquinas ou sob o frio dos viadutos. Muito menos naqueles que estão no alto daquelas "pedras" ou na impaciência de um trânsito.
Não existe mais: "Pode ir brincar lá fora!".
Não existe ar puro, nem cheiro de terra e planta molhadas da chuva. Apenas o medo de tomar banho de chuva e ser carregada pelas águas.
Ela nunca entendeu a relação de indiferença e o alvoroço das pessoas nas ruas... Tanta pressa sem "Bom dia". Quando criança, ela gostava de observar o percurso das formigas, a inter-relação do toque das suas patas quando se deparavam umas com as outras. Elas não se evitam...
No alto de um prédio, ela se sente presa numa gaiola ou num aquário, quem sabe. E ao observar aquelas "formigas" estranhas lá embaixo, percebe que elas já não se "cumprimentam" mais.


Vídeo/Texto por: Ariane Carvalho Xavier