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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A Corredora



Existe algo do outro lado a sua espera...
Como uma corredora em atletismo, ela está a se preparar para a corrida contra o tempo.
O tiro de início de largada é projetado para o alto.
Passos largos e acelerados em meio a pista, sem que possa sair da linha de sua posição.
Obstáculos pelo percurso. Muitos obstáculos.
Tropeça em muitos deles, e salta com sucesso nos passíveis de superação.
E ela continua correndo...
Ela corre, o tempo corre, e o coração acelera do ponto de partida até próximo à chegada.
A corredora não olha para os lados, sem ter conhecimento da posição dos adversários.
Não importa...
Os adversários não importam neste momento.
Ela só deseja chegar ao fim da corrida.
O ponto de destino se aproxima e parece uma eternidade...
O caminho parece longo, mesmo sendo tão curto.
Esta eternidade que dá-lhe a sensação de que os passos se tornaram lentos, mas na realidade é a contagem dos segundos de um a um.
É como se já conhecesse esta pista em que percorre, como se ansiasse pela chegada.
A corredora desconhece a reação do seu alcance, do público perante a sua vitória, e isso enche seus pensamentos no decorrer da sua carreira.
A faixa se aproxima...
O sentimento de felicidade e medo a confundem.
Às cegas, ela avista e ouve alguém que grita seu nome como forma de apoio com um sorriso de que tudo dará certo.
Uma voz familiar.
Isto a motiva a correr mais e mais.
A atleta impulsiona seus membros para que alcance a faixa...
Vultos de pessoas ao seu lado tentam vencê-la, enquanto ela apenas olha para frente...
Para o que te espera.
...
A menos de dois segundos para a chegada, ela sente seu corpo tremer.

Tremor, suor, frio na barriga, batimentos do coração acelerado e então...
Os dois segundos, enfim, se acabam.
Lá está ela...
E lá está o que te espera na mesma direção...
Um aperto de braços caloroso, demorado e de calma ao redor do seu corpo pequeno.
Então, ela descobre a sensação que até então temia sem precisão e o "algo" que a esperava no fim...
Não o quê, mas alguém.
É neste momento que os olhos fitam um ao outro e sorriem pela força que a motivou a chegar até ali.
Ele.
Era a felicidade que a esperava há muito tempo do outro lado.


by: Ariane C. X.
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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Caducando...

E neste exato momento caem lágrimas dos meus olhos...
Desabam como há muito tempo não acontecia.
A princípio não entendia o motivo das minhas lágrimas que escorriam vagarosamente sobre a minha face, e depois compreendi, com imagens que formavam na minha mente, que esta tristeza sem cabimento no peito deve-se a falta que a minha mãe me faz estando tão longe.
Quilômetros de distância que impedem apenas um abraço.
Ela não imagina e acredito que nunca saberá quando eu me sinto assim, pois não tenho a coragem de dizê-la o quanto a amo e o quanto é importante na minha vida.
Atravessamos dias sem nos comunicarmos pela falta de tempo e isso aperta o coração.
Hoje assisti a um episódio de série em que o filho vê diante dos seus olhos sua mãe morrer no momento de parto em um mundo que já não se encontra mais o mesmo, um mundo caótico onde o certo e o errado já não existem. Mesmo diante deste dilema antes da morte ela o faz prometer que, seja qual for a situação em que esteja, nunca hesite e sempre escolha o que é certo, fazer o que seu coração manda.
Esta cena digna de emoção me deixou em transe enquanto as lágrimas caiam dos olhos.
Pensei: "Minha mãe diz e diria o mesmo."
Caduquei sobre esta cena e não consigo me imaginar perdendo-a e sendo tão forte quanto o seu filho permaneceu frente a esta situação. Uma criança que estava aprendendo sobre o mundo da pior forma possível. É óbvio que ele chorou e lamentou imensamente pela morte da sua mãe, mas a ideia de viver sem aquela pessoa que tem um significado de valor inexplicável na sua vida é, sem dúvidas, destruidora.
Todos sabemos que um dia as pessoas que amamos um dia se vão e temos que aceitar esta única certeza disso que chamamos vida. Mas, por que mesmo crescendo com esta consciência nunca estamos preparados para o pior?
O ser humano possui suas fraquezas. Alguns que não hesitam em escondê-las, outros fingem uma fortaleza.
Eu criei uma castelo de areia que sei que um dia pode se desmoronar.
Algumas pessoas me denominam como uma pessoa forte, e eu já nem sei se isso é uma barreira de mentira ou se faz parte de mim.
Os fortes ora ou outra não suportarão mais a dor que acumulou durante tempos no mais profundo âmago.
Enquanto eu aqui sofro apenas imaginando como seria uma perda.

by: Ariane Carvalho Xavier
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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Lira dos Temores dos 21 Anos


E então a vida prosseguiu.
Em meio a este caminho onde ocorrem surpresas, percebendo que o coração não está deveras lacrado.
Um percurso onde cada um viveu o que não planejou, mas que tem sido essencial para chegar até o ponto de destino atual.
Um tripé um tanto falho, um trapézio que insiste em balançar...
Um enlace de três pontas não necessariamente interligadas.
Torna-se difícil tentar visualizá-lo, justificando aí sua complexidade.

De um lado, um coração que bate fortemente...
Do outro, um coração palpita forte mas que teme as suas consequências.
Este outro coração que sente e se reprime.
Onde há brechas um tanto enferrujadas.
Um temor sem culpa de ambos os lados.
O medo de auto-insuficiência.
O medo de tornar alguém infeliz.
Medo de não se sabe o quê...
A instalação de um turbilhão de temores que te deixam mais frágil pela fortaleza que se criou ao longo do tempo.
Será o medo de tentar ser feliz?
E que o tempo responda...

"E os poucos que viram você aqui
Me disseram que mal você não faz
E se eu numa esquina qualquer te vir
Será que você vai fugir?
Se você for eu vou correr..."
 ♪

by: Ariane Carvalho Xavier